Freud
A psicanálise não foi uma teoria muito abordada na nossa aula de Psicologia Educacional, no entanto, foi-nos mostrada como uma das diversas Teorias do desenvolvimento. Quando falamos nesta Teoria, rapidamente nos vem um nome à memória: Freud, o fundador da Psicanálise.
Para Freud, o desenvolvimento da personalidade processa-se numa sequência de estádios psicossexuais que decorrem desde o nascimento até à adolescência. A cada um destes corresponderia uma determinada zona erógena e alguns conflitos psicossexuais específicos. O desenvolvimento da personalidade estaria relacionado com a qualidade das experiências emocionais vividas nos diferentes estádios. É importante salientar que para o fundador da psicanálise as grandes modificações afectivas acontecem nos três primeiros estádios.
"A personalidade estaria praticamente formada por volta dos 7 anos".
Freud apresenta em dois momentos duas concepções acerca da estrutura e do funcionamento da personalidade:
Primeira teoria
Esta teoria refere-se à existência de três sistemas ou instâncias psíquicas:
- Inconsciente: exprime o "conjunto dos conteúdos não presentes no campo actual da consciência". É constituido por conteúdos reprimidos, que não têm acesso aos sistemas pré-consciente/consciente, pela acção de censuras internas. Estes conteúdos podem ter sido conscientes, em algum momento, e ter sido reprimidos, isto é, "foram" para o inconsciente, ou podem ser genuinamente inconscientes. O inconsciente é um sistema do aparelho psíquico regido por leis próprias de funcionamento. Por exemplo, não existem noções de passado e presente.
- Pré-consciente: refere-se ao sistema onde permanecem aqueles conteúdos acessíveis à consciência. É aquilo que não está na consciência, neste momento, mas que no momento a seguir pode estar.
- Consciente: é o sistema do aparelho psiquíco que recebe ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e do mundo interior. Na consciência , destaca-se o fenómeno da percepção e, principalmente, a percepção do mundo exterior.
Segunda teoria
O aparelho psiquíco é formado por três estruturas:
Id: zona inconsciente, primitiva, instintiva, a partir da qual se formam o ego e superego. Existe desde o nascimento e é constituido por pulsões, desejos e instintos completamente desconhecidos. Está desligado do real, não se orientando, portanto, por normas ou principios morais, sociais ou lógicos. Rege-se pelo principio do prazer, que tem como objectivo a realização, a satisfação imediata dos desejos e pulsões. Grande parte destes desejos é de natureza sexual. O id é o reservatório da libido, energia da pulsões sexuais.
"O id desconhece o julgamento de valores, o bem e o mal, a moralidade"
Ego: zona fundamentalmente consciente, que se forma a partir do id. Rege-se pelo princípio da realidade, orientando-se por princípios lógicos e decidindo quais os desejos e impulsos do id que podem ser realizados. É o mediador entre as pulsões inconscientes e as exigências do meio, do mundo real. Tem de gerir as pressões que recebe do id e as que recebe do superego. Forma-se durante o primeiro ano de vida.
Superego: zona do psiquismo que corresponde à interiorização das normas, dos valores sociais e morais, é "defensor da luta em busca da perfeição - o superego é, resumindo, o máximo assimilado psicologicamente pelo indivíduo do que é considerado o lado superior da vida humana". Resulta do processo de socialização, da interiorização de modelos como os pais, professores e outros adultos. É a componente ética e moral do psiquismo. Pressiona o ego para controlar o id. Forma-se entre os 3 e os 5 anos.
Como já foi referido, Freud distingue uma sequência de estádios psicossexuais que decorrem desde o nascimento até à adolescência:
Estádio oral
Este estádio decorre do nascimento até cerca dos 12/18 meses. A zona erógena é a boca: o bebé obtém prazer ao mamar, ao levar objectos à boca, bem como através de estimulações corporais. A sexualidade é auto-erótica. O desmame corresponde a um dos primeiros conflitos vividos.
Estádio anal
Este estádio decorre dos 12/18 meses aos 2/3 anos, a zona erógena é a região anal, daí a criança obter prazer pela estimulação do ânus ao reter e expulsar as fezes. O controlo da defecação gera, simultanemante, sentimentos de prazer e de dor. É nesta fase que se faz a educação para a higiene. Uma educação equilibrada promoverá a criatividade, a produtividade e a generosidade. Se a educação é severa e demasiado exigente resultarão comportamentos ambivalentes: obsessão pela ordem, teimosia, avareza, egoísmo, ou então, crueldade, violência, rebeldia e desorganização.
Estádio fálico
Este estádio decorre dos 3 aos 5/6 anos. A zona erógena principal é a região genital: os órgãos sexuais são estimulados pela criança, que assim obtém prazer. A curiosidade sobre as diferenças sexuais é grande.
Período de latência
Este estádio decorre dos 5/6 anos até à puberdade. Este período é caracterizado por uma aparente atenuação da actividade sexual. Seria neste estádio que ocorreria a amnésia infantil: a criança reprime no inconsciente as experiências que a perturbaram no estádio fálico. A criança investe a sua energia nas actividades escolares, ganhando especial importância as relações que estabelece entre os colegas e professores.
Estádio genital
A partir da puberdade a zona erógena é a região genital. Na adolescência, em virtude da maturação física e da produção de hormonas sexuais, renascem os impulsos sexuais. É o período em que os conflitos dos estádios anteriores podem ser resolvidos. Assume-se uma sexualidades socialmenteaceite. Desenvolve-se o desejo de gratificação sexual mútua – capacidade de amar e partilhar o prazer.
Biografia - pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud